Como vencer as barreiras da inovação aberta?
Atualmente grande parte das empresas globais enxerga a importância da digitalização e do contato com o mundo das startups. Segundo pesquisa realizada pela unidade de inteligência da revista The Economist, entre os 600 executivos entrevistados, 83% planejam aumentar o investimento em estratégias digitais nos próximos 12 meses.
Apesar de a inovação aberta ser um bom caminho para reunir ideias externas à corporate e criar soluções melhores e mais ágeis para seus consumidores ou para uso interno, integrar startups dentro do processo de inovação exige cuidado no planejamento e na execução.
Segundo pesquisa da Accenture, somente 44% das tentativas de relacionamento entre corporates e startups obtém sucesso. Se é clara a importância e necessidade de investimento na estratégia digital, quais as causas que fazem essa taxa não ser 100%?
Praticar a inovação aberta idealizada por muitos não é tarefa fácil. O sucesso depende do aprendizado de ambos os lados, entendendo interesses, expectativas, incentivos e cultura. Existem muitas barreiras e desafios que impedem o sucesso neste relacionamento de colaboração.
Durante os três anos de operação, o LinkLab elencou as principais barreiras para o sucesso da inovação aberta e como quebrá-las. O abismo entre a estratégia de inovação e a estratégia da empresa, que leva à ações desordenadas e ineficientes. A expectativa dos shareholders de obter retorno a curto prazo. A falta de suporte estratégico, através da figura de um decisor, em todos os processos da inovação. A falha de comunicação entre a área de inovação e as demais áreas da empresa. E por último, a aversão ao risco que traz prejuízos para a transformação cultural de uma corporação. Para que a empresa avance nos resultados de inovação aberta, é necessário que todas as essas barreiras sejam derrubadas.
O abismo entre a estratégia de inovação e a estratégia da empresa
Inovação aberta, por si só, não deve ser considerada uma estratégia. Ela faz parte de uma estrutura maior, que considera toda a estratégia organizacional, visão de futuro e operações do dia-a-dia. Muitas empresas tratam inovação aberta somente como uma unidade de negócio totalmente separada e isolada, isso aumenta os riscos, custos desnecessários e oportunidades perdidas. Todos os diferentes projetos de inovação aberta devem estar integrados e relacionados ao contexto estratégico geral.
No LinkLab, sempre que é ocorre o onboarding de uma corporate, é feito o LinkLab Discovery. Onde é apresentado à corporate os processos do programa e a metodologia de acompanhamento dos relacionamento com as startups, o LinkLab Discovery serve para ampliar a compreensão ao máximo qual a atual estratégia da empresa, a sua visão de futuro e onde a inovação se enquadra neste panorama. Desta maneira é possível juntos à corporate, definir quais serão os desafios prioritários a serem tratados no LinkLab.
Expectativas dos shareholders
Toda organização precisa gerenciar as expectativas de seus shareholders em relação à inovação. Usualmente, acionistas possuem interesses de retorno financeiro no curto prazo; contudo, os maiores benefícios financeiros, estratégicos e culturais da inovação são visíveis no longo prazo. Entre os 600 executivos entrevistados na pesquisa da The Economist, quase 60% disseram que a inovação começou a fazer parte das estratégias da empresa há menos de dois anos, ou seja, ainda estão em um estágio inicial e não vivenciaram todos os retornos da inovação.
Como parte metodologia de relacionamento entre corporates e startups do Linklab, existem desafios que trazem resultados de melhorias de processos internos em seis meses, porém, os relacionamentos visando a entrada em novos mercados ou desenvolvimento de novos produtos, exigem um projeto de até 2 anos, dependendo da complexidade.
Falta de suporte estratégico
Para ocorrer a conciliação entre a estratégia da organização e a estratégia de inovação e, também, para gerenciar as expectativas dos acionistas, é vital que haja um decisor estratégico assumindo a responsabilidade pelos projetos de inovação. A figura do líder, com poder dentro da empresa, que patrocine e apoie a inovação traz maior engajamento das outras áreas e das próprias startups que se relacionarem.
Para todo desafio mapeado, é necessário ter um tomador de decisão presente nas reuniões com as startups e, principalmente, que a figura do líder dê o aval para a aprovação de um projeto.
Falha de comunicação entre área de inovação e todas as áreas da organização
A área de inovação não é um fim, mas um meio. Ela é responsável pela estratégia e pela cultura de inovação, porém deve estar alinhada e em constante comunicação com as demais áreas da empresa. Para que a inovação possa resolver desafios de toda a empresa, ela deve ouvir e entender todos os contextos e problemas de outras áreas. Segundo a pesquisa realizada pela The Economist, 53% das empresas concordaram que a estratégia de digitalização pode ser considerada somente como uma diferença de terminologia para estratégia de TI, revelando que muitas empresas continuam com as áreas de inovação presas, cercadas pelo próprio aquário.
O LinkLab, reforça a importância dessa comunicação e que toda área da empresa deve ser inovadora. Como programa, é necessário um mapa dos stakeholders para entender os principais agentes que possibilitam a inovação na corporação. Também é possível realizar eventos, como o Innovation Kickoff, reunindo as áreas internas para conhecer e discutir sobre tecnologia, facilitando a comunicação com a área de inovação.
Aversão à falhas
Na cultura de grandes corporações, a presença de falhas resulta em duras consequências para os envolvidos. Nas startups, os erros são evitados e, quando acontecem, são escondidos e ninguém busca reconhecê-los. O LinkLab quebra essa barreira, tornando a transformação cultural no ponto da virada. Todos os C-Level devem se sensibilizar e estruturar a empresa para uma abordagem mais colaborativa, aberta à novas ideias e processos, enxergando todas as falhas de maneira rápida e com uma visão de aprendizado. Dentro do LinkLab a mudança de pensamento das corporates é incentivada ao testar novas entregas, eventos e metodologias. Testando e errando, porém sempre buscando entregar mais valor.
A inovação aberta é um excelente caminho para acessar novas perspectivas e modos de pensamento diversificados. Toda corporate irá enfrentar algumas barreiras durante a sua jornada na inovação aberta, contudo, o quanto antes a identificação e a quebra dessas barreiras forem realizadas, menos tempo a corporate despenderá “apertando parafusos”.
O bom início de um projeto de inovação aberta consiste no planejamento de quais serão os objetivos e metas a serem alcançadas, não esquecendo que a inovação aberta deve estar alinhada com a estratégia da organização.
O mais importante é trabalhar a inovação aberta ao lado de parceiros estratégicos corretos, garantindo que todo o processo de formulação da estratégia, mapeamento dos desafios, busca por soluções, acompanhamento e implementação de projetos ocorram da melhor maneira possível enquanto a empresa gera o aprendizado na prática.
* por Gustavo Suzin – Fonte: Linklab