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Cada macaco no seu galho: como priorizar os projetos de inovação da minha empresa?

Falar sobre inovação é algo fascinante e que instiga a gente. São inúmeras as possibilidades e é impossível não lembrar das grandes mudanças, algumas maravilhosas e outras nem tanto, que vivenciamos no dia a dia em virtude dos novos produtos e serviços que nos auxiliam nas mais variadas atividades.

Sabemos que no LinkLab cada passo dado em direção ao novo precisa ser cuidadosamente planejado, afinal são muitas variáveis envolvidas em cada projeto e não existem limites para os desafios que podem surgir. Por este motivo utilizamos uma metodologia própria que contempla 10 tipos diferentes de relacionamento com startups, modelada de acordo com as interações do nosso cotidiano.

À primeira vista, o projeto pode parecer simples, mas a verdade pode ser muito mais complexa do que a imaginada. Dentre tantos desafios – que podem mudar de organização para organização – temos uma variável que está presente em todos os projetos, afetando todas as decisões: o tempo. O tempo dita o quão rápido devo melhorar/mudar o que estou fazendo para garantir a competitividade da empresa. Tendo uma visão clara de futuro e sabendo como o tempo impacta nosso negócio, conseguimos traçar uma estratégia de projetos de inovação dividida em curto, médio e longo prazo.

O tempo e os horizontes da inovação

A ferramenta que auxilia a definir como organizar o nosso portfólio de inovação e utiliza o tempo como fator principal, é o framework estratégico “3 Horizontes da Inovação – 3H”, que foi desenvolvido pela consultoria McKinsey & Company, a partir de uma pesquisa com empresas de 10 segmentos diferentes. A ferramenta visa ajudar as empresas a crescer de modo sustentável ao longo do seu ciclo de vida, ao invés de correr o risco de estagnar por falta de inovação.

O modelo da McKinsey separa a inovação em três horizontes, levando em consideração o tempo e o impacto:

Horizonte 1: Manutenção dos principais negócios – core business

A empresa deve alocar no primeiro horizonte – H1, os projetos de curto prazo diretamente ligados com a manutenção dos negócios atuais e que fazem a empresa prosperar. Os projetos de inovação do H1 tendem a ser melhorias incrementais, pois o risco é menor e sendo assim, mais adequado às áreas chave do negócio. Garantir que o produto/serviço esteja sempre atualizado com as demandas do cliente é o objetivo dos projetos do H1. Como neste horizonte estão concentrados projetos de curto prazo, uma dica é buscar por parceiros que possam acelerar a entrega de resultados. No LinkLab, incentivamos as nossas corporates a buscarem por startups mais maduras e com soluções de rápida implantação, pois isso ajuda muito a dar velocidade ao projeto.

Horizonte 2: cultivando negócios emergentes – novos negócios

No segundo horizonte – H2, o objetivo dos projetos muda um pouco e tem foco claro na geração de novas fontes de receita, vindas de iniciativas alinhadas com áreas do conhecimento que a empresa possui. O tipo de projeto do H2 pode variar bastante, desde o lançamento de novos produtos/serviços até explorar novos mercados. Aqui, o nível de interação com o parceiro aumenta consideravelmente e tende a ser algo um pouco mais complexo, como um aprimoramento de solução, parceria comercial ou parceria tecnológica. Este é um campo fértil para parcerias com startups e centros de inovação em projetos de inovação aberta.

Aproximar-se de ecossistemas de inovação e explorar todos os benefícios do ecossistema pode render bons frutos. Vale ressaltar, que os investimentos nos projetos de H2 tendem a ser bem altos, pois este é um horizonte interessante para a empresa, onde o risco é mais controlado e a promessa de retorno é atraente.

Horizonte 3: criando negócios genuinamente novos – experimentação

Para o terceiro e último horizonte – H3, a palavra de ordem é experimentação. Neste horizonte, a empresa aloca os seus projetos mais ousados e disruptivos, as ideias fascinantes que inspiram e geram aquele sentimento de UAU! Neste horizonte, é fundamental a empresa estar conectada com os principais parceiros do ecossistema, startups, hubs de inovação, universidades e demais partes envolvidas. A troca de informações é constante e muito rica, e a geração de novas ideias é impulsionada por esta diversidade. Encontrar os parceiros certos e, juntos, co-desenvolverem uma nova solução pode ser o ponto que faltava para a empresa lançar uma inovação verdadeiramente disruptiva.

Por ser um campo das ideias, é muito importante saber que todos os projetos do H3 trazem consigo risco elevado e muita incerteza, pois tudo é novidade. Por isso, aqui vai uma dica: teste e valide ao máximo as ideias em pequena escala, afinal garantir o controle sobre os investimentos e saber quando é a hora de pivotar um projeto é fundamental para a sustentabilidade da estratégia de inovação da empresa.

#NaPrática

Agora você deve estar se perguntando: “ok, eu entendi o que são os três horizontes de inovação e como eles funcionam, mas e na prática, como eu começo a separar os meus projetos e investimentos dentro dos três horizontes?”. De fato, no começo pode parecer meio confuso alocar os projetos de inovação em um dos três horizontes. Um bom começo é definir quais recursos serão investidos em inovação de uma forma geral. Lembre-se, inovação é investimento e não custo.

Quando os recursos estiverem bem definidos, podemos utilizar o modelo de divisão de investimentos que ajuda muito neste processo. Este modelo é conhecido como a “regra” do 70/20/10. A “regra” 70/20/10 nada mais é do que uma sugestão de como alocar os investimentos de inovação, dedicando 70% dos recursos para os projetos de curto prazo, 20% para projetos de médio prazo e 10% para projetos de longo prazo. A separação de recursos permite que você determine os limites de investimento para cada horizonte de inovação com mais facilidade e segurança. Com o orçamento definido é fácil definir quantos projetos podem entrar em cada horizonte. Isso além de ajudar nas questões financeiras, vai te ajudar a ter foco nos projetos que são prioritários e realmente estratégicos para a sua empresa.

O próximo passo, mas não menos importante, é a escolha de tipo do projeto quanto a sua execução. Definir se a inovação será do tipo aberta ou fechada nem sempre é tarefa fácil. Sabemos dos vários benefícios da inovação aberta, e de como este tipo de relação acelera os resultados, mas definir quais projetos devemos executar internamente e quais fazem sentido serem realizados em conjunto aos parceiros exige planejamento e entendimento dos objetivos e variáveis do projeto. Este tópico é muito importante e merece ser tratado de maneira mais abrangente no próximo artigo.

*por Flavio Liesenberg – Fonte: LinkLab