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edTech Summit 2024 debateu sobre tecnologia e educação desde a infância até a vida profissional

Confira os destaques em tecnologia e educação do edTech Summit 2024, que teve como tema central a formação humana para futuros possíveis.

edTech Summit teve sua 4ª edição em um evento dedicado para pensar as “tecnologias e a formação humana para futuros possíveis” que impactam profissionais, empreendedores, interessados pela área da educação, além de estudantes. O evento foi realizado no último dia 18 de setembro de 2024, de forma híbrida, no CIA Primavera, em Florianópolis (SC).

Otavio Auler, diretor da Vertical edTech da ACATE, destacou o sucesso do evento que recebeu mais de 800 inscritos, sendo cerca de 250 presenciais. Na abertura, Auler ressaltou um dos propósitos de evento, que é mostrar a relevância dos debates do mundo tecnológico ao público do setor educacional. “A simbiose entre tecnologia e educação está em voga. Temos a inteligência artificial, por exemplo, que deve ser encarada como um complemento. As principais teorias defendem que a relação com as tecnologias deve ser híbrida – humano e máquina – sendo utilizadas de forma equilibrada”.

O edTech Summit 2024 apresentou um dia repleto de palestras e painéis sobre diversos temas relacionados à educação e tecnologia, com dois palcos simultâneos e uma Feira de Soluções para o público presente. Além disso, todos os inscritos tiveram acesso a uma plataforma desenvolvida pelo Kubo LMS, solução da empresa NDD Tech Brasil, onde até o dia 30 de setembro ficarão disponíveis a gravação das palestras do palco principal e materiais complementares como cursos, treinamentos, podcasts e uma jornada gamificada. Para ter acesso gratuito aos conteúdos, basta fazer o login ou criar cadastro na plataforma neste link.

O evento foi uma realização da Vertical edTech da ACATE, com patrocínio do NDD Tech Brasil, Decision FGV, Vitru Educação, Sebrae Startups e Nexpon. Os apoiadores foram: Sinepe/SC, Ampesc, Acafe e Undime/SC.

A Vertical edTech reúne cerca de 90 empresas que desenvolvem soluções para melhorar a educação em todos os níveis. Um amplo número de especificidades são atendidas pela rede de empresas, como produtos para ambiente virtual de aprendizagem, ensino à distância, avaliação e gestão acadêmica, aplicativos móveis, tutoria e outros. Clique aqui para saber mais sobre a Vertical.

Confira alguns destaques das palestras e painéis do palco principal do edTech Summit 2024:

Singapura: os segredos da educação número um do mundo

O edTech Summit 2024 foi aberto com a palestra de Emilly Fidelix, criadora do projeto de formação de professores ‘Se liga, prof!’. A palestrante apresentou fatores que fizeram Singapura conquistar a primeira posição no ranking mundial de educação, segundo o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa).

Emilly Fidelix destacou a história do país asiático desde sua independência do domínio britânico no ano de 1965. Antes de se transformar em referência educacional, Singapura teve desafios como o pequeno território, sendo uma ilha sem recursos naturais e uma população étnica e culturalmente diversificada, além de problemas sociais como o desemprego e pobreza.

Entre as soluções encontradas pelo país para desenvolver a educação, estão:

• Capital humano:
 Investimentos na formação e valorização de professores, além da construção de “uma cultura de uma população altamente educada, disciplinada e inovadora”, afirma a palestrante. Ela acrescenta que a ideia de disciplina é vista no país como algo bom para conquistar resultados, e não como um instrumento baseado no medo.

• Espaços culturais: A cultura na educação de Singapura envolve os estudantes pelos ambientes, gerando autoestima e influenciando-os. Fidelix apresentou que os espaços institucionais e públicos contam com artes produzidas pelos alunos, além de uma arquitetura diferenciada e comunicações que incentivam os jovens a serem pesquisadores e cientistas.

• Educação STEAM: Singapura utiliza a abordagem STEAM na educação, a qual engloba Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática. A palestrante aponta que experiências no país asiático, no Vale do Silício e também já replicadas no Brasil podem consistir no ensino básico, até mesmo sem a inserção de tecnologias. “Para tirar o melhor das tecnologias, antes precisamos investir em seres humanos para que possam ser relevantes o bastante na utilização das tecnologias e na criação de soluções capazes de resolver os problemas de outras pessoas”, destaca.

Infância e adolescência e o uso de tecnologias 

Esta edição do evento também dedicou um momento de reflexão sobre o uso de tecnologias na infância e adolescência, com a participação de Renata Tomaz, professora e coordenadora na Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getúlio Vargas (ECMI-FGV), e a mediação de Gabriel Mazzei, cofundadora da Empoderamento Adolescente. A palestrante destacou que a relação entre os jovens e a tecnologia é permeada por riscos e oportunidades, paradigma investigado pela pesquisadora inglesa Sonia Livingstone.

A professora Renata Tomaz também citou que o acesso às tecnologias é composto por três condições elencadas pelas Nações Unidas, são elas:

• Provisão: Garantia de inclusão e acesso a direitos como o de comunicação, informação e liberdade de expressão;

• Participação: Exercício do direito da presença no ambiente digital;

• Proteção: Uma das condições mais relevantes em discussão na atualidade, a qual é a participação segura das crianças e adolescentes no meio digital.

As crianças produtoras de conteúdos foram o foco da pesquisa de doutorado de Renata Tomaz. Ao analisar esse universo, ela aponta que os jovens ganham visibilidade e fama, entretanto a relevância na mídia também ocasiona em vulnerabilidades com casos de sharenting – ou seja, pais que expõem seus filhos nas redes -, trabalho infantil, entre outros.

A palestrante defendeu que haja supervisão para garantir a proteção das crianças e adolescentes. Além disso, também deve ser colocada em prática a educação midiática para a formação de repertório e responsabilidade. “As crianças e adolescentes [no ambiente virtual] precisam tanto como nós de formação, orientação, diretrizes e políticas de proteção. Precisamos nos livrar do mito do nativo digital e entender que elas são insider – alguém que precisa aprender a respeito. Mais do que apertar botões e lidar com tecnologia, é compreender as lógicas”, alerta Renata Tomaz. Ela acrescenta que, nas mídias digitais, os jovens se deparam com muitos interlocutores e precisam de preservação da privacidade sobre suas imagens, vozes, vidas e intimidades.

Universidades corporativas: entre a realidade e as exigências futuras

Um dos painéis do edTech Summit 2024 compartilhou as experiências em capacitação corporativa do Núcleo de Engenharia da Integração e Governança do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina (ENGIN-UFSC), com a participação de Patrícia de Sá Freire, líder do ENGIN, a pesquisadora Graziela Bresolin, e a mediação de Ana Carolina Prado, head de Produto da NDD Tech Brasil.

O painel apresentou que as universidades corporativas, que realizam treinamentos e desenvolvimento de profissionais dentro das organizações, emergem em um contexto de mudanças no mundo do trabalho, surgimentos de novas competências e a necessidade aprendizagem prática e experiencial. Além disso, outros conceitos se inserem no ambiente corporativo como as metodologias ágeis e ativas, sustentabilidade e responsabilidade social, tecnologias disruptivas e ecossistema de inovação.

Para abarcar todas as exigências do mercado na capacitação de colaboradores, o ENGIN é responsável por desenvolver um modelo de Universidade Corporativa em Rede (UCR), que visa promover a institucionalização da aprendizagem e o desempenho competente tanto nos indivíduos quanto em grupos colaborativos, na organização e parceiros.

A líder do grupo de pesquisa, Patricia Sá Freire, destacou que este sistema educacional considera a integração de diferentes tipos de educação: para tarefas específicas, estratégias da organização, além de competências gerais e estruturais.

No mercado, as empresas de tecnologia do segmento educacional exercem o papel relevante de formação dentro das organizações. Para Freire, “as edtechs e as tecnologias de educação vêm como apoio à governança do conhecimento e da aprendizagem, para identificar tendências, para o planejamento estratégico e desenvolvimento de competências e para a institucionalização do conhecimento”, define a pesquisadora.

Tecnologias na prática: IA e robôs na educação

O edTech Summit 2024 levou ao palco tecnologias emergentes que podem contribuir para o trabalho de professores e a aprendizagem de estudantes. Bruno Machado, vice-presidente de Transformação Digital da Ânima, compartilhou o case de utilização de Inteligência Artificial (IA) do ecossistema de instituições de ensino superior.

Machado ressaltou que a visão da implementação de IA pela Ânima é a sua utilização para “melhorar a atratividade, a experiência educacional e de serviços, aproximando estudantes e professores”, sendo assim, busca-se promover a redução da burocracia do trabalho dos docentes para ampliar o tempo de qualidade e o garantir o sucesso do aluno.

Outra experiência de aplicação de tecnologia na educação são robôs em sala de aula utilizados pelo Sesi em Santa Catarina. Jader Batistella, analista de Transformação Digital da FIESC, e Artur Mainardi Junior, CEO e sócio fundador do Grupo Somai e da Humanoide Brasil, fizeram um bate-papo sobre o impacto que o equipamento gerou no ambiente escolar.

De acordo com Batistella foi possível perceber que a tecnologia, quando mais cedo entrou na vida dos alunos, fez com que eles tivessem mais atenção com a aula. Além disso, ele destaca que “a interação com o robô despertou o interesse pela tecnologia. Em cerca de quatro anos, já temos experiências de estudantes que estão indo para o ensino médio e dizem que querem fazer robótica, ser programador, desenvolver sistemas”.

Na prática, a inserção do robô, chamado Sebit, foi complementada por campanhas de divulgação baseadas em histórias lúdicas que tiveram o objetivo de sensibilizar a comunidade escolar. A interação entre o equipamento e os alunos se dá, por exemplo, através de apresentações e explicações sobre temas, da contação de histórias e realização de movimentos. Além disso, o aplicativo Senai Space (disponível para iOS e Android) permite que os alunos levem o Sebit para casa com uma visualização em realidade aumentada do robô.

Criatividade é vida: o ritmo da inovação 

A palestra que encerrou o edTech Summit 2024 foi conduzida por Rodrigo de Barros, que envolveu os participantes do evento em um conteúdo que relacionou a criatividade à vida. Mas além do conteúdo, o palestrante abriu espaço para a participação ativa do público em uma imersão sensorial e lúdica com instrumentos de percussão e diferentes ritmos.

A palestra “Criatividade é vida: o ritmo da inovação”, provocou o público sobre a perda da habilidade criativa, desde a infância até a fase adulta, e como é possível estimular e resgatá-la. Rodrigo de Barros explorou as ligações entre a criatividade e os sentimentos, a saúde mental, o bem-estar e a felicidade.

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