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Santo de casa não faz milagre sozinho! Entenda os desafios que podem ser resolvidos com ajuda de startups

O fenômeno da inovação aberta é um incentivador para a transformação digital. Em uma pesquisa que abordou C-Levels de 121 das maiores empresas em faturamento e número de funcionários dos Estados Unidos e Europa, 78% deles adotam inovação aberta, e apenas 2,5%  abandonaram essa forma de inovação ao longo dos anos.

A inovação aberta mostra como corporates podem e devem aproveitar o conhecimento e a tecnologia de fontes externas, além do setor tradicional de P&D, para se manterem competitivas no mercado. As fontes podem ser os colaboradores de outras áreas da empresa, feedback dos clientes, parcerias com universidades ou outras empresas interessadas em atender os seus desafios, sejam eles problemas ou oportunidades.

O foco do LinkLab é a conexão com outras empresas. O programa de inovação aberta da LinkLab busca startups de base tecnológica com interesse e a capacidade de implementar as ideias mais promissoras geradas dentro da empresa ou captadas de fora, seja com clientes, fornecedores, pesquisas de mercado, etc. Uma das principais vantagens da inovação aberta com as startups é a agilidade, visto que elas possuem equipes dedicadas ao desenvolvimento da solução.

O LinkLab atua no scouting de startups, e entrega valor ao buscar ideias à soluções prontas para implantação. A sinergia é avaliada e alinhada com o projeto, de acordo com a estratégia e horizonte de inovação em que se encontra a corporate.

Porém, ao se aventurar no caminho de inovação aberta com startups, os profissionais dessas empresas se deparam com um questionamento que, apesar de parecer trivial, é crucial para obter sucesso em um projeto:

Para quais desafios a inovação aberta envolvendo startups é indicada?

Dificilmente existirá uma startup com exatamente o mesmo core bussiness e atuando no mesmo segmento de mercado que a corporate. A principal razão disso é a barreira mercadológica imposta pela expertise e a considerável cifra de dinheiro aplicada em pesquisa e desenvolvimento pela grande empresa ao longo dos anos. Mesmo que exista uma startup que concorra diretamente, há espaço para a realização de parcerias comerciais ou o processo de M&A.

Apesar do “santo de casa” não resolver todos os desafios, também não há startup com uma solução milagrosa capaz de transformar drasticamente o negócio de uma corporate. Continua sendo competência do departamento de P&D identificar os projetos estratégicos e desenvolvê-los internamente para adquirir diferencial competitivo. Isso mostra que o potencial da inovação aberta corporativa é menos presente no relacionamento entre competidores, e, sim, mais comum com startups que possuam afinidade ao core business ou propósito da corporate.

Daniel Alves, especialista em estratégia transformacional do time de Transformação Digital ACATE e co-fundador da MODO8, comenta que: “Corporates e Startups que possuem propósitos transformadores como base de seus sistemas estratégicos conseguem colaborar de forma mais ágil e flexível, amplificado o impacto das soluções que criam em conjunto.”

Um case do LinkLab que exemplifica a ideia proposta por Alves, foi a conexão entre a corporate Teltec Solutions e a startup WiFeed. O alinhamento entre a missão da Teltec de “entregar o melhor da tecnologia para transformar o negócio dos nossos clientes diante dos desafios da digitalização da economia” e o propósito da WiFeed de “Transformar a experiência de acesso ao Wi-Fi”  possibilitou o aprimoramento da solução da startup e rendeu diversos resultados por meio de parceria comercial.

Como parte da metodologia própria de inovação aberta, o LinkLab classifica os desafios das corporates em quatro tipos, enquadrados em dois grupos de acordo com os objetivos: problemas, envolvendo melhoria de processos internos ou aumento da entrega de valor; e oportunidades, quando busca-se complementar o portfólio de soluções da corporate ou expandir o mercado de atuação dela.

Problemas:

1 – Melhorar os processos internos

projeto entre a startup Kartado (antiga Road Labs) e a corporate Engie ajuda a evidenciar um desafio com o objetivo de melhoria de processos internos. Com a solução desenvolvida pela startup, foi possível automatizar o processo de gestão de equipes e serviços em reservatórios de hidrelétricas. De acordo com Pedro Fornari, co-fundador da startup, os registros que antes eram homologados entre três e quatro dias, hoje podem ser verificados em duas horas.

Para esse tipo de desafio, é imprescindível que os orquestradores de inovação, em especial os times e lideranças, tenham capacidade de reconhecer os pontos de melhoria em suas áreas e participar da validação da solução para aprimorá-la.

2- Aumentar a entrega de valor

Quando o problema está relacionado à experiência do cliente, é importante envolver a equipe comercial e de suporte, pois essas são as áreas que estão mais próximas e conhecem as demandas do cliente.

A região de Florianópolis, por sediar a universidade federal e diversas outras instituições de ensino, possui grande número de estudantes. A Brognoli Imóveis, imobiliária participante do LinkLab, adotou a ferramenta desenvolvida pela startup Divid para viabilizar o aluguel compartilhado, permitindo encontrar alguém com que o locatário tenha afinidade e dividir a responsabilidade, prática até então informal, mas muito comum entre os universitários.

Oportunidades:

1- Complementar o portfólio

O case da Teltec Solutions e WiFeed citado anteriormente demonstra como empresas que possuem clientes em comum podem colaborar, por meio de parcerias comerciais, para complementar o portfólio de soluções e serviços uma da outra. Aliado ao fornecimento de infraestrutura de redes pela Teltec, é oferecida a plataforma da WiFeed que possibilita a monetização da rede dos estabelecimentos, veiculando mídia em ambientes físicos, com dados, informações e métricas de marketing.

2- Expandir o mercado de atuação

Com as mudanças do mercado é importante que as empresas se reinventem, principalmente aquelas de mercados tradicionais. A Brognoli Imóveis, ao longo dos anos apostou no foco ao cliente, digitalização dos serviços e conexão com startups.

A receita deu certo e hoje o time de inovação interno se tornou uma própria startup do mercado imobiliário, ajudando outras imobiliárias a se tornarem digitais a partir da adoção de soluções desenvolvidas dentro de casa, ou por startups parceiras. A visão e presença quase diária do CEO da Brognoli Imóveis, Eduardo Barbosa, no LinkLab comprovam como o envolvimento de profissionais do nível estratégico são importantes para dar o direcionamento do papel da inovação na empresa.

Independente do tipo de desafio abordado, a entrega de valor proposta pela startup não necessariamente precisa ser de alta tecnologia. Em muitos casos, a tecnologia serve para viabilizar, dar escalabilidade e agilidade à atividades ou processos morosos, seja por causa da complexidade, burocracia, falta de correlacionamento de dados ou demais dificuldades.

Uma importante lição que o co-fundador do Waze, Uri Levine, traz é: “Apaixone-se pelo problema, não pela solução”. Muitas vezes a empresa fica presa à vontade de empregar tendências tecnológicas como inteligência artificial, realidade virtual e blockchain,  por falta de compreensão clara do real desafio.

É necessário ressaltar a importância de relacionar o desafio com um dos quatro tipos apresentados, certificando-se que ele é adequado para ser resolvido por meio da inovação aberta. Dessa forma, o LinkLab pode encontrar uma ou mais startups dispostas a trabalharem em conjunto e entregarem a solução, ou indicar profissionais de diferentes expertises para criarem a solução sob medida.

* por Eduardo Mazzuco – Fonte: Linklab