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Florianópolis é a 2ª cidade mais inteligente do Brasil

No Ranking Connected Smart Cities, a melhor posição de Florianópolis está no segmento de economia, onde a Capital aparece em terceiro lugar

 

Florianópolis deu um salto no Ranking Connected Smart Cities: do 7º lugar em 2019 passou ao segundo posto de cidade mais inteligente do Brasil. O primeiro lugar deste ano ficou com São Paulo.

O estudo avalia 70 indicadores de 11 setores para posicionar as cidades que melhor entregam serviços e qualidade de vida para seus habitantes. Educação, saúde, segurança, tecnologia, economia e mobilidade impulsionaram Florianópolis no estudo. Além da Capital, seis cidades catarinenses aparecem no ranking das 100 mais inteligentes do País.

       Avenida Beira-Mar Norte, em Florianópolis – Foto: Anderson Coelho/ND

Entre os setores do ranking, a melhor posição de Florianópolis está no de economia onde a Capital aparece em 3º lugar. Na cidade, quase 70% dos empregos estão no setor privado, 67% da receita municipal não tem origem em repasses e a renda média dos trabalhadores formais é de um pouco mais de R$ 4,8 mil. Além disso, a Capital registrou alta de 2,8% do PIB per capita em 2019.

Educação e segurança

Na educação, a Capital catarinense se destaca na Região Sul e no ranking das 100 cidades aparece em 5º lugar. De acordo com o estudo, Florianópolis tem oferta de 18,1 vagas em universidade pública por mil habitantes, despesa com educação de R$ 976 por habitante e média de 552,4 pontos no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

No recorte que analisa segurança, Florianópolis está entre as cidades com mais de 500 mil habitantes melhor posicionada no ranking, ocupando a 10ª posição. Esse posto foi alcançado pelos indicadores de 1,9 policial por mil habitantes, a taxa de homicídios (29,2), de acidentes de trânsito (13) por mil habitantes e da despesa de R$ 96,14 com segurança por habitante.

Mobilidade e tecnologia

Cidade conquistou a quinta posição na questão da mobilidade – Foto: Flávio Tin/Arquivo/ND

Em mobilidade, uma grande dificuldade local, a Capital se posiciona como a quinta cidade brasileira nesse setor. Florianópolis se destaca, segundo o estudo, por possuir elevado percentual de veículos de baixa emissão de poluentes.

Entre os indicadores utilizados no eixo mobilidade e acessibilidade estão a porcentagem de veículos de baixa emissão, número relativo entre automóveis e ônibus, ciclovias entre outros. No ranking do ano passado, Florianópolis aparecia em 9º lugar nesse recorte.

No setor de tecnologia e inovação, Florianópolis ficou na quarta colocação entre as 100 cidades inteligentes de 2020. Nesse eixo são analisados, entre outros indicadores, o acesso à internet por número de habitantes (128 pontos) e a banda larga de alta velocidade (55,7%), a quantidade de parques tecnológicos (2), crescimento de empresas de economia criativa (2,9%) e número de incubadoras.

Investimentos conjuntos

A pesquisa que formula o ranking considera a relação entre os setores analisados, que são: economia, educação, empreendedorismo, governança, meio ambiente, mobilidade, saúde, segurança, tecnologia, urbanismo e energia.

De acordo com a Urban Systems, empresa autora do ranking, o conceito de smart cities (cidades inteligentes) considerado pelo estudo é atingido quando os agentes de desenvolvimento da cidade compreendem, por exemplo, que investimentos em saneamento vão além de ganhos para o meio ambiente, mas também para a saúde e a economia.

Recorte da pesquisa

Analisados em conjunto, os 70 indicadores que compõem o Ranking apresentam as cidades brasileiras mais desenvolvidas seguindo conceitos inteligentes, sustentáveis e humanos. A pesquisa considera os 666 municípios com mais de 50 mil habitantes,  segundo estimativa do IBGE de 2018.

Os resultados do estudo são apresentados considerando o recorte do porte dos municípios (pequenas, médias e grandes) e a região geográfica. Florianópolis está entre as grandes cidades com mais de 500 mil habitantes.

Talentos e soluções para a cidade

O vice-presidente de Relacionamento da Acate (Associação Catarinense de Tecnologia), Diego Ramos, afirma que o posicionamento de Florianópolis como uma cidade inteligente é um fator importante para a atração de talentos da área de tecnologia. Isso porque geralmente esses profissionais buscam trabalhar onde há melhor qualidade de vida.

“O jovem de hoje, especialmente no contexto pós-pandemia, vai escolher aonde vai morar e não em qual empresa vai trabalhar. Por isso, as cidades precisam de um plano para atrair o futuro, atrair os talentos que vão gerar as novas oportunidades de negócios, fazendo a nossa economia girar. Gira a economia e pressiona menos o Estado, por menos serviços, por exemplo, de saúde básica. Isso tudo ajuda no desenvolvimento econômico e social da cidade”, diz Ramos.

Recentemente, a Acate criou a Vertical Smart Cities com o propósito de estimular a inovação nas cidades no momento atual, quando o maior protagonismo ocorre nos municípios, onde os prefeitos precisam tomar decisões pensando na pandemia e na retomada da economia pós-pandemia.

Em Florianópolis, a parceria rendeu o ‘smart tracking’, a ferramenta que rastreia quem se cadastra por QR Code e pode ser avisado, caso o local onde realizou o check-in tenha caso suspeito de coronavírus.

Outra parceria com a prefeitura e que contou também com a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) é o Living Lab Florianópolis que atraiu projetos de desenvolvimento de soluções para cidades inteligentes.

“A Acate criou essa Vertical para concentrar as empresas que têm soluções para a ajudar as cidades, inclusive na retomada econômica. A ideia da Acate é ajudar a fazer a ponte entre essas soluções que auxiliam as cidades a serem mais transparentes e ajudam na gestão das cidades”, explica Diego Ramos, diretor da Vertical Smart Cities.

Desburocratização

Assim como a Acate, o Sebrae é um importante ator na transformação de Florianópolis em uma cidade inteligente. As duas entidades criaram, há 20 anos, uma incubadora de empresas de base tecnológica, a Miditec, que é considerada uma das cinco melhores incubadoras do mundo pelo segundo ano consecutivo.

Lagoa da Conceição, em Florianópolis – Foto: Anderson Coelho/ND

O diretor-técnico do Senai em Santa Catarina, Luc Pinheiro, afirma que essas empresas dão retorno para a economia local, tanto com a contratação de mão de obra qualificada – que é um dos indicadores avaliados pelo ranking – como com o pagamento de impostos, notadamente o ISS (Imposto Sobre Serviço).

“Esse imposto fica no município e isso ajuda em muito a ter um resultado para a cidade porque com a ampliação da arrecadação amplia também a possibilidade do governo municipal investir nas outras áreas, como educação, saúde, mobilidade”, diz o diretor.

Para Luc Pinheiro, Florianópolis tem melhorado no ranking de cidades inteligentes porque “abraçou o empreendedorismo como algo importante para promover o desenvolvimento da cidade”. Nesse contexto, o Sebrae atua indiretamente por meio de capacitação e consultoria, como o Cidade Empreendedora em parceria com a Prefeitura.

“Trabalhamos incentivando desde o empreendedor individual, oferecendo aceleração desse MEI (microempreendedor individual) para que tenha melhor resultado e de outra parte ajudando muito com a desburocratização, com melhoria do processo e do ambiente do negócio. Essas duas coisas ajudam muito nesse posicionamento do ranking”, afirma o diretor do Sebrae.

Conjunto da obra

O prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (DEM), acredita que a colocação do município como a segunda cidade inteligente do País é o resultado de vários ações focadas em serviços para a população, como o Floripa Simples, que é um projeto de desburocratização. Em mobilidade ele cita a central de inteligência de trânsito, que faz o controle da frota por meio de GPS, câmeras embarcadas e o aplicativo Floripa no Ponto.

Na segurança, área em que a cidade foi bem avaliada entre as com mais de 500 mil habitantes, o prefeito atribui a um conjunto de melhorias aplicadas na Capital, como a recuperação de espaços públicos.

Ponte Hercílio Luz e a revitalização do espaço de pedestres e ciclistas – Foto: Divulgação/ND

“Temos que ter o equilíbrio entre ações ostensivas e ações sociais. Não é possível ficar a vida inteira com repressão. Nas áreas mais vulneráveis temos projetos sociais e esportivos que fizeram cair muito os índices de criminalidade. Aqui trabalhamos em conjunto, não tem a Guarda Municipal da Prefeitura e a Polícia do Estado e é isso que vem dando resultado”.

O uso de tecnologia e a infraestrutura adequada nas áreas de saúde e educação são apontados pelo prefeito como os possível fatores que posicionaram Florianópolis no ranking.

“Do ano passado para cá, nós tivemos ‘Alô Saúde Floripa’, a Escola do Futuro, a melhoria das praças e os ambientes de convivência e o Floripa Simples. Isso sem mencionar os investimentos em mobilidade. Com certeza tudo contou para estarmos bem no ranking”, avalia Gean Loureiro.

*por Marcela Ximenes Fonte: NDMAIS